Até quem não é chegado nas sagradas escrituras já ouviu ou leu alguma vez alguma variação do versículo 12 do capitulo 23 do Evangelho de Mateus.
Aquele que diz que os humilhados serão exaltados.
Por isso é tão justo que exaltemos El Pollo Botinelli. Poucos caras foram tão humilhados nesse time do Flamengo quanto ele. E nem foi por antipatia da torcida, mas pra ser sincerão é que o hermano não jogava nada mesmo desde o amistoso contra o América-MG em janeiro. Entrou algumas vezes no time e nunca conseguiu mostrar nada do bom futebol que dizem que jogava no Chile e o trouxe até a Gávea.
No primeiro gol dele, graças à sagacidade dos câmeras e diretores de imagem, todos que acompanhavam o jogo pela TV puderam assistir como se estivessem em campo à tensa negociação entre Botinelli e Thiago Neves pra ver quem ia bater a falta. Naquela altura, com o Flamengo perdendo o jogo, tal negociação parecia a coisa mais idiota do mundo. A distância era quilométrica e como nenhum dos dois é chegado a bater dali o senso comum dizia que os dois tinham que parar de palhaçadinha e sair da reta pro Renato bater. Felizmente a insistência argentina de Botinelli venceu o senso comum. Foi a ultima vez que ele foi xingado no Fla x Flu.
Para surpresa de todos a bola foi batida com requintes balísticos e explodiu com precisão bem na emenda da baliza com o travessão. A bola voltou com violência, acertou a bunda do goleiro do Flor e foi morrer gostosamente na rede. Golaço que evocou Petkovic e deu aquela moral ao nosso time. Não é vergonha dizer que foi um empate heroico, porque estávamos levando sufoco desde o começo do jogo.
O Flamengo continuou imprensando o Flor na defesa e tentando finalizar de qualquer maneira. A maioria absoluta das tentativas eram bizarras, mas pela primeira vez durante o jogo o Florminense parecia um pouco mais perdido em campo do que o Flamengo. Mas mesmo perdido a camisa e a torcida empurravam o Mengão pra frente. Aos 44 Botinelli recebeu livre e mandou o canudo fatal no cantinho. Dizem que o Diego Cavalieri tá revoltado, querendo o telefone fixo do Botinelli. Ele tá tentando falar com o cara desde ontem, mas o celular do argentino só dá fora da área.
Mais uma virada cruel no longo histórico de maldades do Mengão sobre a decadente burguesada de Laranjópolis. Um chute sobrenatural que definiu o placar e que pode até definir o futuro do cara. Do cara e do Flamengo no campeonato, porque a vitória épica nos colocou definitivamente de volta à disputa pelo título.
Elas estão Descontroladas
Mas o mais legal do jogo veio depois do nosso terceiro gol. Porque na moral, ganhar Fla x Flu deve valer aí uns 6 ou 7 reais. Toda hora acontece, é mercadoria barata. Mas assistir ao faniquito coletivo das tricoletas não tem preço. Começando com o Abel, que é um cara legal e um grande treinador, mas que deu mole demais.
Primeiro se recusou a cumprir a sua justa expulsão. Uma atitude lamentável, treinador do nível dele dando uma de valentão, uma das coisas que o esporte tem de pior. E depois por protagonizar um chororô enlouquecido, à la Cuca, tristemente ridículo e que influenciou seus jogadores a ficarem bancando os machões e peitando o juiz. Que foi pusilânime ao não expulsar She-Ra, moça fina que saiu de campo dando cusparadas nos outros.
Não precisamos nos iludir. Ganhamos na moral, na camisa, na raça. Mas o time está mal e desfalcado, o que significa que pode e deve melhorar muito se estiver mesmo levando a sério esse papo de hepta. Mas reconheçamos que o que tem nos faltando em organização e em talento tem sido satisfatoriamente compensado com suor e sorte. Sorte que tem nos sorrido muito nas ultimas 3 partidas.
Temos um time dos mais irregulares, uma defesa em qual não se pode apostar um vintém e um ataque absurdamente inoperante, mas que seja qual for a sua formação ainda é o mais positivo do campeonato. Se tivermos que ir até a 38a rodada nesse vamo lá porra descarado não tem problema. Desde que continuemos jogando mal e ganhando. A rodada foi muito boa pra nós. Estávamos a 6 pontos do líder provisório, agora estamos a apenas 4. Se todo mundo se sacrificar um pouquinho a gente chega lá. Todos tem que fazer sua parte. Eu mesmo já prometi solenemente nunca mais chamar o Botinelli de Boceteli. No sapatinho frenético que nos consagrou em 2009, vamos em frente.
Arthur Muhlenberg Blogueiro do Flamengo

Nenhum comentário:
Postar um comentário